Sinais e Sintomas de AVC: Como a Enfermagem Pode Salvar Vidas com a Ação Rápida

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. No Brasil, estima-se que mais de 400 mil pessoas sofram um episódio de AVC por ano, sendo que grande parte poderia ter a vida preservada ou complicações reduzidas se houvesse reconhecimento rápido dos sinais e atendimento imediato.

Neste artigo, você vai entender:

  • O que é o AVC e seus tipos;

  • Principais sinais e sintomas que ajudam a identificar o quadro;

  • O protocolo FAST, que salva vidas;

  • O papel da enfermagem nos primeiros socorros e durante a reabilitação;

  • Prevenção e cuidados para reduzir os riscos.

O que é o AVC?

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição caracterizada pela interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro, o que leva à morte das células cerebrais em poucos minutos. Dependendo da área afetada, o paciente pode apresentar sequelas motoras, cognitivas ou até mesmo evoluir para óbito.

Existem dois tipos principais:

  1. AVC Isquêmico

    • Representa cerca de 85% dos casos.

    • Ocorre quando um coágulo ou obstrução impede a passagem de sangue em uma artéria cerebral.

    • É mais comum em pessoas com hipertensão, diabetes, colesterol alto e histórico de doenças cardiovasculares.

  2. AVC Hemorrágico

    • Representa cerca de 15% dos casos, mas costuma ser mais grave.

    • Acontece quando há o rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro, levando a um sangramento interno.

    • Está associado à pressão arterial muito elevada, uso de anticoagulantes ou malformações vasculares.

Principais sinais e sintomas de AVC

Reconhecer os sinais precocemente é fundamental. Os sintomas surgem de forma súbita e variam conforme a região cerebral atingida. Entre os mais comuns estão:

  • Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo (braço, perna ou rosto).

  • Alterações na fala, como dificuldade para se expressar, falar palavras desconexas ou não compreender o que é dito.

  • Alterações visuais, como visão dupla ou perda súbita da visão em um dos olhos.

  • Dor de cabeça intensa e repentina, mais comum no AVC hemorrágico.

  • Perda de coordenação motora e equilíbrio, resultando em dificuldade para andar.

  • Confusão mental, desorientação ou perda súbita de memória.

O protocolo FAST

Uma das ferramentas mais eficazes para identificar rapidamente o AVC é o protocolo FAST, sigla em inglês que significa:

  • F (Face) – Face caída: peça para a pessoa sorrir e veja se um lado do rosto está caído.

  • A (Arms) – Braços fracos: peça para levantar os dois braços; se um cair sozinho, pode ser sinal de AVC.

  • S (Speech) – Dificuldade na fala: peça para repetir uma frase simples; observe se há dificuldade ou fala arrastada.

  • T (Time) – Tempo: o tempo é essencial. Se algum sinal for identificado, chame o SAMU (192) imediatamente.

Esse protocolo é usado por profissionais de saúde, mas também é amplamente divulgado à população, pois qualquer pessoa pode reconhecer os sinais e salvar uma vida.

O papel da enfermagem diante do AVC

O enfermeiro e a equipe de enfermagem têm papel central em todas as etapas do cuidado ao paciente com AVC:

1. No atendimento inicial
  • Reconhecer imediatamente os sinais e acionar a equipe médica.

  • Monitorar sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigênio).

  • Garantir acesso venoso e preparo para exames de imagem (como tomografia).

  • Oferecer suporte emocional à família, explicando a gravidade da situação.

2. Durante a internação hospitalar
  • Acompanhar rigorosamente os parâmetros vitais.

  • Prevenir complicações como broncoaspiração, úlceras por pressão e infecções.

  • Administrar medicamentos conforme prescrição (como anticoagulantes, anti-hipertensivos e trombolíticos).

  • Estimular a mobilidade dentro das possibilidades do paciente.

3. Na reabilitação e cuidados pós-AVC
  • Apoiar a fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

  • Realizar orientações sobre alimentação adequada e cuidados domiciliares.

  • Acompanhar o uso correto das medicações.

  • Promover educação em saúde para familiares, explicando sinais de alerta para novos episódios.

Riscos e fatores associados ao AVC

O AVC não acontece de forma isolada. Ele está ligado a diversos fatores de risco, muitos dos quais podem ser controlados com mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico. Os principais são:

  • Hipertensão arterial – maior fator de risco.

  • Diabetes mellitus.

  • Colesterol elevado.

  • Obesidade e sedentarismo.

  • Tabagismo e alcoolismo.

  • Histórico familiar de doenças cardiovasculares.

  • Idade avançada – risco aumenta após os 55 anos.

Prevenção: como reduzir as chances de AVC

Grande parte dos AVCs poderia ser evitada com medidas preventivas. A enfermagem desempenha papel essencial em campanhas de educação em saúde. Entre as principais orientações estão:

  • Controlar a pressão arterial regularmente.

  • Manter uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras, fibras e com menos sal e gorduras.

  • Praticar atividade física pelo menos 150 minutos por semana.

  • Abandonar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool.

  • Controlar níveis de colesterol e glicemia.

Seguir corretamente os tratamentos médicos prescritos.

Conclusão

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica que exige rapidez no reconhecimento e no atendimento. Quanto mais cedo o paciente recebe assistência, maiores são as chances de recuperação e menores os riscos de sequelas permanentes.

A enfermagem exerce papel fundamental desde a triagem até a reabilitação, sendo responsável não apenas pelo cuidado direto, mas também pela educação em saúde e prevenção de novos episódios.

Reconhecer os sinais de alerta, aplicar o protocolo FAST e buscar ajuda imediata pode literalmente salvar vidas.

Referências
  • Ministério da Saúde. Acidente Vascular Cerebral (AVC). Brasília: MS, 2024.

  • Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV). Diretrizes para o manejo do AVC. 2023.

  • World Health Organization (WHO). Stroke: key facts. 2023.

  • American Heart Association. Stroke Guidelines Update. 2022.

  • Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Atendimento ao AVC. 2022.