Protocolo XABCDE: Como Aplicar na Urgência e Emergência de Forma Rápida e Eficaz

O protocolo XABCDE é um dos pilares do atendimento de vítimas em situações de urgência, emergência e trauma. Ele é utilizado para guiar a avaliação primária do paciente de forma rápida, sistematizada e eficaz, priorizando ações que salvam vidas.

Esse método é amplamente difundido em treinamentos como o ATLS (Advanced Trauma Life Support) e adotado em serviços de saúde no mundo inteiro. No Brasil, o uso do XABCDE no atendimento pré-hospitalar (APH) tem sido cada vez mais valorizado, principalmente por profissionais de enfermagem e equipes de resgate.

🚨 O que é o protocolo XABCDE?

O XABCDE é uma sequência de avaliação e intervenção prioritária no atendimento ao trauma e outras emergências clínicas. Cada letra representa uma etapa de observação e conduta imediata, sempre com foco em identificar e corrigir rapidamente ameaças à vida.

Veja o que significa cada letra:
  • X – Exsanguinação (hemorragias graves)

  • A – Airway (vias aéreas com controle da coluna cervical)

  • B – Breathing (respiração)

  • C – Circulation (circulação/perfusão)

  • D – Disability (déficit neurológico)

  • E – Exposure (exposição e controle térmico)

Essa abordagem segue o conceito de que problemas que matam mais rápido devem ser tratados primeiro.

🩸 X – Exsanguinação (Controle de hemorragias massivas)

Essa etapa foi adicionada mais recentemente ao protocolo tradicional ABCDE e passou a ser representada pela letra "X", por ser a mais crítica e prioritária. A hemorragia externa grave pode levar à morte em poucos minutos, sendo necessário agir imediatamente.

Condutas nesta etapa:
  • Compressão direta do sangramento;

  • Uso de torniquetes em hemorragias de membros;

  • Curativos compressivos;

  • Identificação rápida de sangramentos visíveis.

🫁 A – Airway (vias aéreas e estabilização da coluna cervical)

Aqui, o objetivo é garantir que as vias aéreas estejam desobstruídas e proteger a coluna cervical, principalmente em casos de trauma.

Verificar:
  • Presença de corpo estranho, vômito ou sangue na orofaringe;

  • Nível de consciência do paciente;

  • Ruídos respiratórios anormais (estridor, roncos).

Ações:
  • Aspiração de vias aéreas;

  • Elevação do queixo ou tração da mandíbula;

  • Colar cervical se houver suspeita de trauma.

🌬 B – Breathing (respiração e ventilação)

Após garantir as vias aéreas, o foco passa para a ventilação adequada e troca gasosa. A respiração deve ser avaliada visualmente e com a ausculta pulmonar.

Observar:
  • Expansão torácica;

  • Frequência respiratória;

  • Presença de ferimentos no tórax, como pneumotórax ou hemotórax.

Intervenções:
  • Oxigenoterapia com máscara;

  • Descompressão torácica (em caso de pneumotórax hipertensivo);

  • Selagem de feridas abertas no tórax.

❤️ C – Circulation (circulação e perfusão)

Nessa etapa, o profissional avalia pulso, pressão arterial, tempo de enchimento capilar, coloração da pele e presença de hemorragias internas.

Verificar:
  • Pulso carotídeo e radial;

  • Perfusão periférica;

  • Sinais de choque hipovolêmico.

Ações:
  • Acesso venoso calibroso (ou intraósseo em emergência);

  • Reposição volêmica (soro fisiológico, Ringer lactato);

  • Controle de hemorragias ainda não tratadas.

🧠 D – Disability (avaliação neurológica rápida)

Essa é a etapa para avaliar o nível de consciência e identificar déficits neurológicos iniciais que possam ameaçar a vida ou agravar o quadro.

Utiliza-se a escala AVPU ou a escala de Glasgow:
  • A: Alerta

  • V: Responde à voz

  • P: Responde à dor

  • U: Inconsciente

Ações:
  • Monitorar pupilas e resposta à luz;

  • Verificar sinais de lateralização neurológica;

  • Corrigir possíveis causas de alteração da consciência (hipoglicemia, hipóxia, etc.).

🌡 E – Exposure (exposição e controle térmico)

O paciente deve ser exposto completamente para avaliar possíveis lesões ocultas, sempre com controle da temperatura corporal para evitar hipotermia.

Condutas:
  • Retirar roupas com tesoura sem movimentar demais o paciente;

  • Avaliar região dorsal, axilas, genitais, períneo;

  • Manter o paciente aquecido com cobertores térmicos ou mantas térmicas.

✅ Importância do XABCDE para a Enfermagem de Urgência e Emergência

O uso do protocolo XABCDE promove um atendimento sistemático, seguro e baseado em prioridades reais. Na enfermagem, ele contribui para:

  • Redução de erros durante o atendimento inicial;

  • Comunicação eficiente com a equipe multiprofissional;

  • Tomada de decisão rápida baseada em evidências;

  • Prevenção de complicações durante o transporte do paciente.

Referências
  1. Ministério da Saúde. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – Urgência e Emergência. Brasília, 2022.

  2. American College of Surgeons. Advanced Trauma Life Support (ATLS) – 10th Edition. 2020.

  3. Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). Práticas Avançadas de Enfermagem em Urgência e Emergência.

  4. ANVISA. Protocolo de Segurança do Paciente em Atendimento de Urgência e Emergência. 2021.