Protocolo de Atendimento de Parada Cardiorrespiratória (PCR): Guia Completo para Profissionais de Enfermagem

A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é uma das emergências médicas mais críticas, exigindo uma resposta rápida e eficiente para aumentar as chances de sobrevivência do paciente. O protocolo de atendimento à PCR segue diretrizes atualizadas da American Heart Association (AHA) e do Ministério da Saúde, sendo essencial que profissionais de enfermagem estejam preparados para atuar com precisão em situações de alto risco.

Neste artigo, vamos detalhar o que é a PCR, os principais sinais e sintomas, o passo a passo da reanimação cardiopulmonar (RCP), o uso do desfibrilador externo automático (DEA) e cuidados pós-ressuscitação.

O que é a Parada Cardiorrespiratória (PCR)?

A Parada Cardiorrespiratória ocorre quando há uma interrupção súbita da atividade cardíaca e respiratória, impedindo o fornecimento de oxigênio para órgãos vitais. Se não tratada imediatamente, a PCR leva ao óbito em poucos minutos.

Os principais fatores de risco incluem:
✔️ Doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e arritmias cardíacas.
✔️ Insuficiência respiratória grave, como em casos de pneumonia ou asfixia.
✔️ Choque elétrico, afogamento e intoxicações.
✔️ Distúrbios metabólicos e uso de drogas ilícitas.

Sinais e Sintomas da PCR

A identificação precoce da PCR é essencial para iniciar o atendimento rapidamente. Os principais sinais incluem:

✅ Ausência de resposta: O paciente não reage a estímulos verbais ou físicos.
✅ Parada respiratória ou gasping: Respiração irregular, ineficaz ou ausente.
✅ Ausência de pulso central: O pulso carotídeo não é palpável em 10 segundos.
✅ Cianose: Coloração azulada nos lábios e extremidades, indicando falta de oxigenação.

Ao identificar esses sinais, é crucial acionar o serviço de emergência e iniciar a reanimação cardiopulmonar (RCP) imediatamente.

Protocolo de Atendimento à PCR: Passo a Passo da RCP de Alta Qualidade

O atendimento à PCR segue um protocolo baseado no Suporte Básico de Vida (SBV) e Suporte Avançado de Vida (SAV). A abordagem pode variar dependendo do ambiente (hospitalar ou pré-hospitalar), mas os passos fundamentais são os mesmos.

1. Confirmação da Parada Cardiorrespiratória e Chamado de Emergência
  • Verifique a consciência do paciente e sua resposta a estímulos.

  • Cheque a respiração e o pulso carotídeo por no máximo 10 segundos.

  • Se o paciente estiver inconsciente e sem respiração normal, inicie a RCP imediatamente e chame ajuda.

2. Início das Compressões Torácicas

As compressões torácicas são a parte mais importante da reanimação cardiopulmonar e devem ser feitas corretamente para garantir a perfusão cerebral.

🔹 Posição correta: O socorrista deve posicionar-se ao lado da vítima e entrelaçar as mãos no centro do tórax (entre os mamilos).
🔹 Profundidade: Pressionar de 5 a 6 cm (aproximadamente 1/3 da profundidade do tórax).
🔹 Frequência: Realizar 100 a 120 compressões por minuto.
🔹 Recuo completo: Após cada compressão, permitir que o tórax retorne à posição inicial.
🔹 Minimizar interrupções: Evitar pausas nas compressões, pois isso reduz a eficácia da circulação sanguínea.

3. Ventilação Adequada

Após 30 compressões, devem ser realizadas 2 ventilações utilizando um dispositivo bolsa-válvula-máscara (AMBU) ou ventilação boca a boca, caso necessário.

🌬️ Técnica correta: Inclinar a cabeça para trás, elevar o queixo e administrar cada ventilação por 1 segundo, observando a elevação do tórax.

🌬️ Proporção de compressão e ventilação:

  • Em pacientes adultos, a relação é 30 compressões para 2 ventilações.

  • Em lactentes e crianças, se houver dois socorristas, a relação pode ser 15 compressões para 2 ventilações.

Uso do Desfibrilador Externo Automático (DEA)

O DEA deve ser utilizado o mais rápido possível, pois a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular sem pulso (TVSP) são ritmos chocáveis que podem ser revertidos com o choque elétrico.

Passos para uso do DEA:

1️⃣ Ligar o aparelho e seguir as instruções sonoras.
2️⃣ Fixar os eletrodos autoadesivos no tórax do paciente (um abaixo da clavícula direita e outro na região inferior do lado esquerdo do tórax).
3️⃣ Aguardar a análise do ritmo cardíaco feita pelo DEA.
4️⃣ Caso seja indicado choque, garantir que ninguém toque na vítima e pressionar o botão de choque.
5️⃣ Retomar a RCP imediatamente após o choque e continuar seguindo as orientações do DEA.

⏳ A desfibrilação precoce aumenta consideravelmente as chances de sobrevida do paciente.

Cuidados Pós-Ressuscitação

Após o retorno da circulação espontânea (RCE), é fundamental garantir a estabilização do paciente para evitar nova PCR. Os principais cuidados incluem:

✔️ Manutenção da oxigenação e ventilação mecânica, se necessário.
✔️ Monitorização contínua dos sinais vitais e eletrocardiograma (ECG).
✔️ Correção de distúrbios metabólicos e hemodinâmicos.
✔️ Avaliação neurológica para identificar sequelas pós-PCR.

Os pacientes que sobrevivem a uma PCR geralmente necessitam de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) para acompanhamento contínuo.

Conclusão

A atuação rápida e eficaz da equipe de enfermagem na Parada Cardiorrespiratória é determinante para aumentar a sobrevida do paciente. A aplicação correta do protocolo de RCP de alta qualidade e o uso do DEA são medidas fundamentais para a reversão da PCR.

É essencial que os profissionais de saúde se mantenham atualizados sobre as diretrizes da American Heart Association (AHA) e do Ministério da Saúde, garantindo um atendimento de excelência em situações de emergência.

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Aqui estão as principais referências utilizadas para a construção do artigo:

  1. Ministério da Saúde do Brasil

    • BRASIL. Protocolo de Atendimento à Parada Cardiorrespiratória. Diretrizes do Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/

  2. American Heart Association (AHA)

    • AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Atualização 2020. Disponível em: https://cpr.heart.org/

  3. International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR)

  4. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)

    • COFEN. Normas para Atuação da Enfermagem em Situações de Emergência e Urgência. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/

  5. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

    • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Atendimento Cardiovascular de Emergência. Disponível em: https://www.portal.cardiol.br/