Por que a NIMESULIDA é PROIBIDA em mais de 10 países?


A nimesulida é um anti-inflamatório amplamente utilizado no Brasil para o alívio da dor e inflamação. No entanto, sua segurança tem sido amplamente questionada em diversas partes do mundo. Atualmente, mais de 10 países proibiram ou restringiram severamente o uso dessa substância, o que levanta dúvidas e preocupações tanto entre profissionais da saúde quanto entre pacientes. Neste artigo, vamos explorar as razões pelas quais a nimesulida foi banida em tantos lugares e qual a posição das autoridades sanitárias brasileiras sobre o seu uso.
O que é a Nimesulida?
A nimesulida pertence à classe dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e possui ação antipirética, analgésica e anti-inflamatória. Sua principal vantagem, segundo seus defensores, é a rapidez no alívio da dor com menor incidência de efeitos gástricos quando comparada a outros AINEs tradicionais. Por isso, é frequentemente prescrita para dores musculares, febre, artrite e dismenorreia.
Por que a Nimesulida foi proibida em outros países?
A principal razão para a proibição da nimesulida em mais de 10 países é o risco de toxicidade hepática grave, incluindo hepatite fulminante, que pode levar à falência do fígado e à morte. Relatos de casos de hepatite induzida por nimesulida começaram a surgir na década de 1990, levando autoridades sanitárias de vários países a reavaliar seu perfil de segurança.
Entre os países que proibiram ou restringiram o uso da nimesulida estão:
Irlanda (primeiro país a bani-la, em 2002)
Espanha
Bélgica
Finlândia
Dinamarca
Suécia
Estados Unidos (nunca aprovou a substância)
Japão (também não aprovou)
Argentina
Canadá
Austrália
Esses países optaram por banir o medicamento com base em estudos que apontaram uma relação direta entre o uso da nimesulida e o desenvolvimento de reações hepáticas graves.
O que diz a Anvisa?
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém a nimesulida disponível, mas com restrições importantes:
Uso permitido apenas por prescrição médica.
Comercialização exclusivamente em formulações orais com dose máxima de 100 mg, duas vezes ao dia, por no máximo 10 dias.
Proibição de apresentações injetáveis, que tinham maior associação com hepatotoxicidade.
Essas restrições visam minimizar o risco de efeitos adversos, especialmente os relacionados ao fígado. A Anvisa também orienta que o medicamento não seja usado por crianças, gestantes, lactantes e pacientes com histórico de problemas hepáticos.
Efeitos adversos mais comuns da Nimesulida
Embora os efeitos hepáticos sejam os mais graves, a nimesulida também pode causar:
Náuseas e vômitos
Diarreia
Tontura
Erupções cutâneas
Aumento de enzimas hepáticas
Em casos raros, pode levar à falência hepática aguda, necessitando de transplante de fígado.
Qual a posição das sociedades médicas?
Diversas sociedades de farmacovigilância e medicina no mundo recomendam cautela extrema no uso da nimesulida. Muitos especialistas sugerem que, diante da disponibilidade de outros AINEs mais seguros, o risco não compensa o benefício.
Alternativas mais seguras
Para casos em que é necessário controlar dor e inflamação, os profissionais podem optar por medicamentos com maior histórico de segurança, como:
Paracetamol (em doses controladas)
Ibuprofeno
Naproxeno
Diclofenaco (com monitoramento adequado)
A escolha deve sempre considerar as condições clínicas do paciente e os possíveis efeitos colaterais.
Conclusão
Apesar de ainda ser utilizada no Brasil, a nimesulida é considerada um medicamento de risco elevado, especialmente devido ao seu potencial de causar lesões hepáticas graves. O fato de mais de 10 países terem proibido seu uso serve como alerta para os profissionais de saúde. Cabe aos enfermeiros, médicos e farmacêuticos orientarem corretamente os pacientes quanto aos riscos, sempre considerando alternativas mais seguras.
A farmacovigilância ativa e a educação em saúde são ferramentas essenciais para evitar o uso indiscriminado e promover a segurança dos pacientes.
Referências
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Parecer Técnico sobre a Nimesulida.
European Medicines Agency (EMA). Public Statement on Nimesulide-containing Medicinal Products.
Ministério da Saúde – Portal da Saúde.
Sociedade Brasileira de Hepatologia.
WHO Drug Information – World Health Organization.