Pela primeira vez na história: Obesidade infantil supera desnutrição — o que isso significa para a Enfermagem?


Pela primeira vez, a obesidade infantil ultrapassou a desnutrição como a forma mais prevalente de malnutrição entre crianças e adolescentes (5–19 anos) no mundo. Esse marco reflete uma transformação preocupante, impulsionada por ambientes alimentares dominados por alimentos ultraprocessados e marketing agressivo. Para estudantes e profissionais de enfermagem, entender esse fenômeno é essencial para promover práticas de cuidado, elaboração de políticas públicas e prevenção eficazes.
Obesidade infantil torna-se a principal forma de malnutrição global
Segundo o relatório Feeding Profit: How Food Environments are Failing Children, da UNICEF, em 2025, pela primeira vez, a obesidade (9,4%) ultrapassou o índice de baixo peso (9,2%) entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos.
Estima-se que cerca de 188 milhões de crianças e adolescentes estejam obesos, e 391 milhões estejam acima do peso, atendendo à classificação de overweight.
Fatores de risco — alimentos ultraprocessados e marketing agressivo
A transição nutricional global tem sido impulsionada pelo crescente acesso a alimentos ultraprocessados — baratos, ricos em calorias vazias e agressivamente comercializados, especialmente em países de baixa e média renda.
Um levantamento global via plataforma U-Report revelou que 75% dos jovens lembraram de ter visto anúncios de junk food na semana anterior, e 60% admitiram que isso aumentou o desejo de consumi-los
Onde o problema é mais agudo? Exemplos práticos por região
As maiores taxas de obesidade infantil são observadas em países insulares do Pacífico: 38% em Niue, 37% nas Ilhas Cook e 33% em Nauru.
Outros países com elevados índices incluem Chile (27%), Estados Unidos (21%) e Emirados Árabes Unidos (21%).
Consequências para a saúde — por que a enfermagem deve estar atenta
A obesidade traz consigo um maior risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, além de impactos cognitivos e emocionais.
Do ponto de vista da enfermagem, o enfrentamento da obesidade infantil é uma prioridade não apenas clínica, mas também de saúde pública, envolvendo promoção da alimentação saudável, educação nutricional e acompanhamento contínuo.
Experiências práticas positivas — o que pode ser feito?
O relatório apresenta oito recomendações fundamentais, entre elas:
Restrições rigorosas à publicidade de alimentos para menores.
Rotulagem clara e taxation de alimentos não saudáveis.
Reformulação de ambientes alimentares escolares.
Programas sociais que promovam acesso a comidas nutritivas.
Participação ativa dos jovens na construção de políticas públicas
Exemplos práticos bem-sucedidos incluem políticas escolares em alguns países que proibiram alimentos ultraprocessados nas cantinas, além de campanhas de educação nutricional com forte impacto comunitário (exemplo citado no El País sobre América Latina).
Conclusão
A mudança global registrada em 2025 — obesidade infantil ultrapassando a desnutrição — representa um momento histórico e desafiante para a saúde mundial. Para estudantes e profissionais de enfermagem, trata-se de um chamado urgente à ação: tanto na clínica quanto na defesa de políticas públicas eficazes. Atuar na promoção de ambientes alimentares saudáveis, educar, prevenir e cuidar de forma integral são passos essenciais nesse cenário complexo.
Referências
UNICEF, Feeding Profit: How Food Environments are Failing Children
Reportagens: The Guardian, Washington Post, Reuters , El País Dados de políticas e exemplos práticos citados no relatório da UNICEF
Dados complementares de tendências globais da UNICEF/OMS/Banco Mundial