Os Perigos da Automedicação: Por que Evitar Tomar Remédio por Conta Própria

A automedicação é uma prática comum entre os brasileiros. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma), cerca de 80% da população já se automedicou pelo menos uma vez. Embora muitos acreditem que tomar um remédio "conhecido" por conta própria seja inofensivo, essa prática pode trazer riscos sérios à saúde — desde reações adversas até intoxicações graves e mascaramento de doenças.

Neste artigo, vamos entender o que é automedicação, os principais riscos associados, quais medicamentos são mais usados sem prescrição, e por que é tão importante buscar orientação médica antes de tomar qualquer fármaco.

O que é automedicação?

Automedicação é o uso de medicamentos por iniciativa própria, sem prescrição médica ou orientação de um profissional habilitado. Isso inclui desde o uso de analgésicos e antitérmicos comuns até antibióticos, anti-inflamatórios e fitoterápicos.

Ela pode ocorrer por diferentes motivos:

  • Tentativa de aliviar sintomas rapidamente

  • Influência de familiares ou amigos

  • Experiências anteriores com a mesma queixa

  • Dificuldade de acesso ao atendimento de saúde

  • Propagandas na TV ou internet

Quais são os riscos da automedicação?
1. Intoxicação medicamentosa

A principal consequência da automedicação é a intoxicação. O uso de medicamentos em doses erradas, por tempo prolongado ou em combinação com outros fármacos pode sobrecarregar o fígado e os rins, levando até à falência desses órgãos.

2. Reações alérgicas graves

Muitos medicamentos podem causar alergias, desde urticárias até anafilaxias, que são potencialmente fatais.

3. Resistência bacteriana

O uso inadequado de antibióticos, por exemplo, é um dos principais responsáveis pela resistência bacteriana. Tomar antibiótico sem necessidade ou interromper o tratamento antes do tempo favorece o desenvolvimento de “superbactérias”.

4. Mascaramento de doenças

Aliviar sintomas com analgésicos ou antitérmicos pode atrasar o diagnóstico de doenças graves. Um exemplo clássico é usar paracetamol constantemente para dor abdominal, que pode estar relacionada a apendicite ou cálculo biliar.

5. Interações medicamentosas

Alguns remédios não devem ser combinados, pois podem potencializar efeitos colaterais ou anular a ação de outro medicamento. Isso é especialmente perigoso para idosos e pessoas com doenças crônicas.

Medicamentos mais usados sem prescrição
  • Dipirona e Paracetamol: para dor e febre

  • Ibuprofeno: anti-inflamatório

  • Omeprazol: para azia e gastrite

  • Loratadina: antialérgico

  • Antibióticos (obtidos irregularmente): amoxicilina, azitromicina

  • Ansiolíticos e “calmantes naturais”

Embora alguns desses medicamentos sejam vendidos sem prescrição, isso não significa que sejam isentos de riscos. Toda substância tem efeitos colaterais e interações potenciais.

Situações em que a automedicação é ainda mais perigosa
  • Gestantes e lactantes: certos medicamentos podem causar malformações no bebê

  • Idosos: mais suscetíveis a reações adversas e interações

  • Pacientes com doenças crônicas: como hipertensão, diabetes, epilepsia

  • Crianças: exigem doses ajustadas e são mais sensíveis aos efeitos colaterais

Como se proteger?
  1. Busque sempre orientação médica ou farmacêutica.
    Mesmo medicamentos comuns podem ser perigosos se usados incorretamente.

  2. Leia a bula.
    A bula contém informações valiosas sobre uso correto, contraindicações e efeitos colaterais.

  3. Evite repetir receitas antigas.
    O que foi eficaz no passado pode não ser adequado agora.

  4. Nunca compartilhe medicamentos.
    O remédio que serve para uma pessoa pode ser prejudicial para outra.

  5. Mantenha o controle da sua automedicação.
    Se usou algo por conta própria e os sintomas persistirem por mais de dois dias, procure um profissional.

O papel dos profissionais de saúde

Farmacêuticos, enfermeiros e médicos são preparados para avaliar sintomas, considerar o histórico de saúde do paciente e indicar a melhor opção de tratamento. Usar esse suporte profissional é fundamental para evitar riscos e garantir um tratamento eficaz.

Conclusão

A automedicação pode parecer uma solução rápida, mas traz riscos sérios e muitas vezes silenciosos. Ao optar por tomar um medicamento sem orientação, você pode estar colocando sua saúde — e até sua vida — em perigo. Valorize seu bem-estar: busque sempre ajuda profissional antes de se medicar.

Referências
  • Ministério da Saúde. Cartilha sobre Uso Racional de Medicamentos.

  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Automedicação: riscos e cuidados.

  • Conselho Federal de Farmácia (CFF). Campanha contra automedicação.

  • Organização Mundial da Saúde (OMS). Uso racional de medicamentos.