O Papel da Enfermagem na Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS)


As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), anteriormente conhecidas como infecções hospitalares, representam um dos maiores desafios enfrentados pelas instituições de saúde. Essas infecções afetam milhões de pacientes em todo o mundo, podendo prolongar o tempo de internação, aumentar custos hospitalares e, em casos graves, levar ao óbito.
Neste cenário, a enfermagem exerce um papel central na prevenção, controle e vigilância das IRAS, por meio de práticas seguras, conhecimento técnico-científico e atenção rigorosa aos protocolos de biossegurança.
1. O Que São IRAS e Qual Sua Relevância?
As IRAS são infecções adquiridas durante a prestação de cuidados à saúde, seja em hospitais, clínicas, unidades básicas ou até mesmo em atendimentos domiciliares. Elas não estavam presentes ou incubando no momento da admissão do paciente, e geralmente aparecem após 48 horas de internação ou até mesmo dias após a alta, dependendo da infecção.
Segundo o Ministério da Saúde, as IRAS são uma das principais causas de complicações hospitalares, representando um problema de saúde pública que compromete a segurança do paciente e a qualidade da assistência.
2. Enfermagem na Linha de Frente da Prevenção das IRAS
O profissional de enfermagem está diretamente envolvido nos cuidados com o paciente, desde a admissão até a alta. Isso faz com que sua atuação seja estratégica na redução dos riscos de infecção. Algumas responsabilidades-chave incluem:
Higienização das mãos com técnica correta e nos momentos recomendados;
Preparo e administração segura de medicamentos e soluções;
Adoção de precauções padrão e específicas (contato, gotículas, aerossóis);
Cuidados com dispositivos invasivos, como sondas, cateteres e acessos venosos;
Educação em saúde para pacientes e acompanhantes sobre cuidados de higiene e prevenção;
Notificação e vigilância epidemiológica de casos suspeitos ou confirmados.
3. Higienização das Mãos: A Medida Mais Simples e Eficaz
A higienização das mãos é considerada a principal medida de prevenção das IRAS. Ela deve ser realizada nos cinco momentos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS):
Antes de tocar o paciente;
Antes de realizar procedimento asséptico;
Após risco de exposição a fluidos corporais;
Após tocar o paciente;
Após tocar superfícies próximas ao paciente.
O uso correto de água e sabão ou preparação alcoólica reduz significativamente a transmissão de microrganismos.
4. Uso Racional de Antibióticos e Resistência Microbiana
A enfermagem também atua de forma indireta na prevenção da resistência antimicrobiana, ao garantir que as prescrições sejam seguidas corretamente e ao observar reações adversas ou sinais de infecção secundária.
A resistência bacteriana está diretamente relacionada ao uso indiscriminado de antibióticos, e o controle rigoroso de infecções é uma das estratégias para reduzir a necessidade de antimicrobianos potentes.
5. Cuidados com Equipamentos e Ambientes Hospitalares
A desinfecção correta de superfícies, equipamentos e instrumentos também está sob a responsabilidade da equipe de enfermagem. A manipulação segura de materiais estéreis, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o correto descartar de resíduos de serviços de saúde são fundamentais para evitar surtos.
Ambientes limpos e organizados reduzem significativamente a contaminação cruzada e garantem uma assistência mais segura.
6. Educação Permanente e Atualização Profissional
A prevenção das IRAS exige conhecimento atualizado e treinamento contínuo. A enfermagem deve estar sempre alinhada às normas da Anvisa, protocolos institucionais e evidências científicas mais recentes.
Além disso, a participação em programas de educação continuada fortalece a cultura de segurança e aumenta a eficácia das ações de controle de infecção.
7. Conclusão
A prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) é um compromisso ético, técnico e humano da equipe de enfermagem. Por estar em contato direto com os pacientes, o enfermeiro é peça-chave na promoção de práticas seguras, no controle de infecções e na garantia de uma assistência de qualidade.
Investir na capacitação da equipe de enfermagem e na valorização do seu papel no combate às IRAS é investir em segurança do paciente e na excelência do cuidado em saúde.
Referências
Ministério da Saúde. Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos. Brasília, 2021.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Brasília, 2022.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Guia para Higiene das Mãos em Serviços de Saúde. Genebra, 2020.
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Resolução nº 564/2017.