Febre Aftosa: Entenda o Que é, Como se Transmite e Por Que Preocupa a Saúde Pública

A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Apesar de não representar risco direto à saúde humana, sua importância se destaca pela grande capacidade de disseminação, impacto econômico na agropecuária e barreiras comerciais que pode causar. Neste artigo, vamos explorar o que é a febre aftosa, seus sintomas, formas de transmissão, prevenção, controle e curiosidades relevantes.

O que é a Febre Aftosa?

A febre aftosa é causada por um vírus do gênero Aphthovirus, da família Picornaviridae. Trata-se de uma enfermidade aguda que acomete principalmente animais de produção. O vírus causa febre alta e a formação de vesículas (aftas) na boca, patas, úbere e outras regiões mucosas ou sensíveis.

Como a Febre Aftosa é Transmitida?

O vírus da febre aftosa é altamente contagioso e pode se espalhar de diversas formas:

  • Contato direto entre animais infectados e saudáveis;

  • Através do ar em curtas e médias distâncias;

  • Contaminação por saliva, fezes, leite e secreções dos animais infectados;

  • Fômites (objetos contaminados como calçados, roupas, veículos e equipamentos agropecuários);

  • Movimento de animais sem controle sanitário adequado.

Principais Sintomas nos Animais
  • Febre alta (acima de 40°C);

  • Aparecimento de bolhas e feridas na boca, língua, gengiva e narinas;

  • Salivação intensa e dificuldade de alimentação;

  • Lesões nos cascos, com claudicação (manqueira);

  • Diminuição da produção de leite em vacas leiteiras;

  • Em filhotes, pode causar morte súbita por miocardite viral.

Esses sintomas causam sofrimento ao animal e reduzem drasticamente sua produtividade.

Febre Aftosa é Perigosa para Humanos?

Casos de febre aftosa em humanos são extremamente raros. Quando ocorrem, geralmente estão associados à manipulação direta de animais doentes ou produtos não processados. Em geral, a doença não representa risco significativo para a saúde humana.

Prevenção e Controle

A principal estratégia de controle da febre aftosa é a vacinação periódica dos animais, realizada de forma coordenada por programas estaduais e federais.

Outras medidas incluem:

  • Controle rigoroso do trânsito de animais entre propriedades e estados;

  • Quarentena e sacrifício sanitário em casos confirmados;

  • Desinfecção de ambientes, veículos e materiais agropecuários;

  • Educação sanitária para produtores e trabalhadores rurais.

O Brasil já foi considerado livre da febre aftosa com vacinação em boa parte do território, e o objetivo é avançar para o status de livre sem vacinação, conforme os critérios da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Impacto Econômico

A ocorrência de febre aftosa em um rebanho pode levar à interdição da propriedade, destruição de animais infectados e perda de mercados internacionais. Países importadores de carne exigem status sanitário livre da doença para negociar com produtores brasileiros.

Portanto, um único foco pode comprometer toda a cadeia econômica da agropecuária, afetando desde pequenos criadores até grandes exportadores.

Curiosidades Sobre a Febre Aftosa
  • O vírus da febre aftosa tem sete sorotipos diferentes (A, O, C, SAT 1, SAT 2, SAT 3 e Asia 1), o que dificulta o controle e exige vacinas específicas;

  • A doença foi descrita pela primeira vez em 1546 por Girolamo Fracastoro, na Itália;

  • Durante surtos, o vírus pode sobreviver por dias ou até semanas fora do organismo animal, principalmente em locais úmidos;

  • Em 2001, o Reino Unido enfrentou um dos piores surtos da história recente, com abate de milhões de animais e prejuízos bilionários;

  • O Dia Nacional de Combate à Febre Aftosa é celebrado em 30 de abril.

Conclusão

A febre aftosa é uma das enfermidades mais temidas na pecuária devido ao seu alto poder de disseminação e impacto econômico. Embora rara em humanos, ela exige vigilância constante, campanhas de vacinação bem estruturadas e comprometimento de toda a cadeia produtiva. A conscientização dos profissionais da saúde e da população rural é fundamental para que o Brasil continue avançando no controle e erradicação da doença.

Referências: