Emergências Respiratórias: Como Agir em Casos de Insuficiência Respiratória e Parada Cardiorrespiratória

Quando Cada Segundo Vale uma Vida

Emergências respiratórias estão entre as situações mais críticas dentro da enfermagem e exigem rapidez, precisão e preparo técnico. A insuficiência respiratória aguda e a parada cardiorrespiratória (PCR) são condições que ameaçam a vida imediatamente, e o manejo correto pode determinar a sobrevivência do paciente.

Esses eventos ocorrem tanto em ambientes hospitalares quanto em unidades básicas, pronto atendimentos e até em casa. Por isso, todo profissional de saúde precisa saber identificar sinais precoces e agir com segurança.

Entendendo a Insuficiência Respiratória Aguda

A insuficiência respiratória aguda acontece quando o sistema respiratório é incapaz de garantir oxigênio adequado ao sangue ou eliminar o dióxido de carbono (CO₂) de forma eficiente.
As principais causas incluem:

  • Doenças pulmonares (como DPOC, asma grave, pneumonia);

  • Traumas torácicos;

  • Intoxicações e reações alérgicas graves;

  • Obstrução de vias aéreas por corpo estranho.

Sinais de alerta

O paciente pode apresentar:

  • Respiração rápida e superficial;

  • Uso de musculatura acessória (movimento visível do pescoço e abdômen);

  • Cianose (coloração azulada nos lábios e unhas);

  • Confusão mental ou agitação;

  • Diminuição do nível de consciência.

➡️ Exemplo prático: imagine um idoso com pneumonia que começa a apresentar respiração ofegante e confusão. Mesmo com oxigênio, os níveis de saturação caem rapidamente — esse é um caso típico de insuficiência respiratória aguda que exige ventilação assistida imediata.

Condutas de Enfermagem Diante da Insuficiência Respiratória

O papel da enfermagem é identificar precocemente os sinais, acionar a equipe médica e iniciar medidas de suporte:

  • Posicionar o paciente em semi-Fowler (cabeceira elevada);

  • Avaliar via aérea, respiração e circulação (protocolo ABC);

  • Administrar oxigênio conforme prescrição;

  • Monitorar sinais vitais e saturação de O₂;

  • Preparar material para ventilação não invasiva ou intubação, se necessário;

  • Manter a calma e garantir segurança para o paciente e equipe.

💡 Dica prática: se o paciente estiver inconsciente e sem risco de trauma, mantenha a via aérea aberta com a manobra de elevação do queixo e extensão da cabeça.

Parada Cardiorrespiratória (PCR): A Corrida Contra o Tempo

A PCR é a interrupção súbita das funções cardíaca e respiratória, levando à ausência de pulso e respiração. O tempo é o fator mais importante — a cada minuto sem reanimação, as chances de sobrevivência caem 10%.

Como identificar:
  • Ausência de movimentos respiratórios;

  • Falta de pulso carotídeo;

  • Inconsciência total.

➡️ Exemplo prático: um paciente com insuficiência respiratória grave pode evoluir para PCR. Nesse momento, o enfermeiro deve iniciar a RCP (reanimação cardiopulmonar) imediatamente, enquanto outro profissional aciona o suporte avançado.

RCP: Etapas Essenciais Para Salvar uma Vida

A reanimação cardiopulmonar deve seguir as diretrizes atualizadas da American Heart Association (AHA):

  1. Verificar segurança da cena e resposta da vítima.

  2. Chamar ajuda e solicitar o desfibrilador (DEA).

  3. Avaliar respiração e pulso por até 10 segundos.

  4. Iniciar compressões torácicas (profundidade de 5 a 6 cm, frequência de 100 a 120 por minuto).

  5. Ventilar após 30 compressões, com duas insuflações eficazes.

  6. Repetir ciclos de 30:2 até a chegada do suporte avançado ou retorno da circulação espontânea.

💬 Exemplo prático: em um posto de saúde, um paciente com DPOC desmaia após crise de falta de ar. O enfermeiro avalia, identifica ausência de pulso e inicia RCP enquanto o técnico traz o ambu e o DEA. Essa conduta rápida pode significar a diferença entre a vida e a morte.

O Papel do Enfermeiro nas Emergências Respiratórias

O enfermeiro tem papel central em todo o processo de atendimento, desde a triagem e identificação do quadro até a execução das primeiras manobras de suporte básico de vida (SBV).
Além disso, é fundamental que o profissional:

  • Participe de treinamentos periódicos de RCP e suporte avançado;

  • Mantenha o controle emocional durante as ocorrências;

  • Oriente a equipe e familiares sobre os procedimentos realizados;

  • Registre detalhadamente todas as ações executadas.

Conclusão

As emergências respiratórias exigem resposta imediata, conhecimento técnico e trabalho em equipe. A atuação rápida do enfermeiro pode evitar complicações graves e aumentar significativamente as chances de sobrevivência do paciente.
Saber identificar a insuficiência respiratória e aplicar corretamente as etapas da reanimação cardiorrespiratória é um compromisso ético e profissional com a vida.

Referências
  • American Heart Association (AHA). Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. 2020.

  • Ministério da Saúde. Protocolo de Atendimento às Emergências Respiratórias. Brasília, 2023.

  • BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução nº 655/2020: Normas para Atuação do Enfermeiro em Situações de Urgência e Emergência.

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Manual de Condutas em Insuficiência Respiratória Aguda. 2022.