Cuidados Paliativos: O Papel do Enfermeiro no Alívio da Dor e no Conforto do Paciente

Os cuidados paliativos têm ganhado destaque na assistência à saúde por proporcionarem suporte integral ao paciente com doenças graves, progressivas e ameaçadoras à vida. O principal objetivo é promover qualidade de vida, por meio do alívio da dor, controle de sintomas e apoio emocional, espiritual e social, tanto ao paciente quanto à sua família.

Neste cenário, o enfermeiro tem uma atuação essencial, coordenando o cuidado, promovendo conforto e sendo um elo entre a equipe multiprofissional, o paciente e seus familiares.

O Que São Cuidados Paliativos?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados paliativos são uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento.

Esses cuidados não visam à cura da doença, mas sim à atenção centrada na pessoa, respeitando sua dignidade, desejos e valores até o fim da vida.

Princípios dos Cuidados Paliativos
  1. Respeito à dignidade do paciente

  2. Controle efetivo da dor e de outros sintomas

  3. Atenção psicológica, social e espiritual

  4. Apoio à família durante e após o processo de luto

  5. Comunicação clara e compassiva

  6. Decisões compartilhadas sobre o plano de cuidados

O Papel do Enfermeiro nos Cuidados Paliativos

O enfermeiro é um dos profissionais mais próximos do paciente e da família. Sua presença contínua e sua escuta ativa são essenciais para identificar necessidades, aliviar o sofrimento e garantir conforto.

1. Avaliação e controle da dor

O controle da dor é uma prioridade nos cuidados paliativos. O enfermeiro realiza avaliação contínua da dor (intensidade, tipo, localização) e administra corretamente analgésicos e adjuvantes prescritos, respeitando as escalas de dor e o plano terapêutico individualizado.

2. Monitoramento de sintomas

Além da dor, o enfermeiro atua no controle de:

  • Náuseas e vômitos

  • Dispneia

  • Constipação

  • Feridas e úlceras

  • Fadiga

  • Delirium ou agitação terminal

3. Comunicação e escuta ativa

O enfermeiro acolhe o paciente e seus familiares com empatia, escutando medos, dúvidas e angústias. Muitas vezes, é ele quem identifica mudanças no estado emocional do paciente e encaminha para apoio psicológico ou espiritual.

4. Cuidados de conforto

Esses cuidados envolvem práticas simples, mas extremamente significativas, como:

  • Higiene corporal adequada

  • Posicionamento no leito para aliviar dores

  • Hidratação da pele e das mucosas

  • Ambientes silenciosos e confortáveis

  • Respeito ao desejo de estar em casa ou rodeado de familiares

5. Educação da família

O enfermeiro orienta os cuidadores sobre o manejo de medicamentos, sinais de agravamento, medidas de conforto e como agir em situações de emergência, fortalecendo o cuidado domiciliar quando necessário.

6. Apoio no luto

Após o falecimento, o enfermeiro pode participar do acolhimento à família, oferecendo apoio e encaminhamentos para serviços de apoio ao luto, quando disponíveis.

Onde São Realizados os Cuidados Paliativos?
  • Hospitais: nas unidades de internação ou em serviços especializados em cuidados paliativos.

  • Ambulatórios e UBSs: com acompanhamento por equipes de saúde da família ou multiprofissionais.

  • Hospices: locais especializados no cuidado de pacientes em fase terminal.

  • Domicílio: por meio de programas de atenção domiciliar (PAD ou SAD), com apoio da equipe de enfermagem.

Cuidados Paliativos em Enfermagem: Desafios Atuais
  • Falta de capacitação de profissionais em cuidados paliativos

  • Barreiras culturais e sociais para falar sobre a morte

  • Dificuldade em reconhecer o momento de transição para o cuidado paliativo

  • Resistência à prescrição de opioides por medo de dependência

A capacitação contínua é essencial para que o enfermeiro atue de forma humanizada, técnica e ética nesse momento tão sensível.

Considerações Finais

Os cuidados paliativos representam uma das formas mais humanas e respeitosas de cuidar. O enfermeiro, com sua capacidade de acolher, escutar e aliviar, é peça-chave na jornada do paciente até seus últimos momentos.

Promover o conforto, a dignidade e o alívio da dor é mais do que um ato técnico — é um compromisso com a vida até o fim.

Referências
  • Organização Mundial da Saúde (OMS). Cuidados Paliativos.

  • Ministério da Saúde. Diretrizes para Cuidados Paliativos. Brasília, 2021.

  • Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução n.º 639/2020.

  • Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).

  • Ferrell, B.R.; Coyle, N. (2021). Oxford Textbook of Palliative Nursing. Oxford University Press.

  • Carvalho, R.T. et al. (2023). Cuidados paliativos no Brasil: desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem.