Cuidados de Enfermagem com Pacientes Diabéticos: Práticas Essenciais na Rotina Hospitalar

O diabetes mellitus é uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo e um dos principais desafios no ambiente hospitalar. Exige cuidados contínuos e precisos da equipe de enfermagem, principalmente no que diz respeito ao controle glicêmico, prevenção de complicações e administração de insulina. Este artigo oferece um guia prático para profissionais de enfermagem lidarem com pacientes diabéticos internados, garantindo segurança e qualidade na assistência.

Tipos de Diabetes e Implicações Clínicas

Os dois tipos mais comuns são:

  • Diabetes tipo 1: caracterizado pela ausência total de produção de insulina. Requer insulinoterapia desde o diagnóstico.

  • Diabetes tipo 2: envolve resistência à insulina ou produção insuficiente. É mais comum em adultos e pode ser tratado com medicamentos orais ou insulina.

Outros tipos incluem o diabetes gestacional e formas secundárias associadas a doenças ou uso de medicamentos.

1. Monitoramento da Glicemia Capilar

O controle rigoroso da glicemia é fundamental na internação. A aferição deve ser feita antes das refeições e ao dormir (ou conforme protocolo hospitalar).

Cuidados de enfermagem:

  • Higienizar as mãos do paciente e do profissional antes do procedimento.

  • Utilizar lancetas e tiras reagentes descartáveis.

  • Registrar corretamente os valores no prontuário.

  • Comunicar a equipe médica em casos de hipoglicemia (<70 mg/dL) ou hiperglicemia (>180 mg/dL).

2. Administração de Insulina

A insulinoterapia é uma das intervenções mais frequentes. Pode ser subcutânea (mais comum) ou intravenosa (em situações críticas).

Cuidados importantes:

  • Verificar a prescrição médica atentamente quanto ao tipo, dose e horário da insulina.

  • Aplicar em região adequada, alternando os locais para evitar lipodistrofias.

  • Nunca misturar tipos diferentes de insulina sem prescrição clara.

  • Monitorar sinais de hipoglicemia após a aplicação.

3. Reconhecimento e Prevenção de Hipoglicemia

A hipoglicemia pode ocorrer por jejum, atraso na refeição, excesso de insulina ou atividade física.

Sinais e sintomas:

  • Sudorese fria

  • Tontura

  • Confusão mental

  • Tremores

  • Palpitações

Conduta:

  • Se o paciente estiver consciente, oferecer carboidratos de rápida absorção (ex: suco com açúcar).

  • Em casos graves, administrar glicose EV conforme protocolo.

4. Avaliação da Integridade da Pele e Pés

Pacientes diabéticos têm risco elevado de lesões, especialmente nos pés.

Cuidados de enfermagem:

  • Avaliar diariamente a pele e integridade dos membros inferiores.

  • Incentivar uso de calçados adequados.

  • Orientar sobre higiene e hidratação da pele.

  • Encaminhar ao especialista em caso de feridas.

5. Educação em Saúde

A internação é uma oportunidade de reforçar o autocuidado com o paciente.

Abordagens educativas:

  • Ensinar a técnica correta de aplicação da insulina.

  • Orientar sobre alimentação balanceada e horários regulares.

  • Incentivar a prática de exercícios físicos, se possível.

  • Explicar sinais de alerta para buscar ajuda médica.

6. Prevenção de Complicações Agudas e Crônicas

A enfermagem deve estar atenta a complicações como cetoacidose diabética, hiperosmolaridade e infecções. O controle rigoroso da glicemia e da hidratação pode evitar eventos graves.

Conclusão

O cuidado de enfermagem ao paciente diabético exige atenção, conhecimento técnico e empatia. Desde a monitorização glicêmica até a educação em saúde, o papel do profissional é fundamental para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida durante e após a hospitalização.

Referências
  • Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da SBD 2023.

  • Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Diabetes Mellitus tipo 1 e 2.

  • Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). Práticas de enfermagem na assistência a pacientes com doenças crônicas.

  • American Diabetes Association (ADA). Standards of Medical Care in Diabetes—2024.