Crises Convulsivas Reentrantes: O Que São, Por Que Acontecem e Como Agir

As crises convulsivas são manifestações clínicas decorrentes de uma atividade elétrica anormal e excessiva no cérebro, resultando em alterações motoras, sensitivas, autonômicas ou psíquicas. Quando essas crises ocorrem repetidamente em um curto espaço de tempo, sem que o paciente recupere totalmente a consciência entre os episódios, utilizamos o termo “crises convulsivas reentrantes”. Esse tipo de quadro representa uma emergência neurológica, sendo essencial o reconhecimento rápido e a intervenção adequada para evitar complicações graves, incluindo danos cerebrais permanentes.

O que são crises convulsivas reentrantes?

Embora não seja uma nomenclatura formal amplamente utilizada na literatura científica, o termo “crise convulsiva reentrante” é comumente associado ao estado de mal epiléptico. Essa condição é definida como uma crise epiléptica com duração superior a 5 minutos, ou duas ou mais crises seguidas sem retorno do nível de consciência entre elas. Trata-se de uma situação crítica, que exige atendimento médico imediato, pois há risco de lesão cerebral progressiva, falência de órgãos e até mesmo morte, especialmente se não tratada prontamente.

Causas e fatores associados

Diversas condições podem predispor um indivíduo a desenvolver crises convulsivas reentrantes. Entre elas, destacam-se:

  • Epilepsia mal controlada: Pacientes que não seguem corretamente o tratamento ou não respondem bem às medicações antiepilépticas estão mais vulneráveis.

  • Infecções do sistema nervoso central: Meningites, encefalites e neurocisticercose podem alterar a atividade elétrica cerebral.

  • Traumas cranioencefálicos: Lesões físicas no cérebro podem desencadear crises em pessoas predispostas.

  • Tumores cerebrais: Tanto benignos quanto malignos podem interferir no funcionamento dos neurônios.

  • Distúrbios metabólicos: Alterações como hipoglicemia, hiponatremia e insuficiência renal podem precipitar convulsões.

  • Abuso ou abstinência de substâncias: Álcool, drogas ilícitas e até certos medicamentos podem contribuir para o surgimento das crises.

Como identificar uma crise reentrante?

Durante uma crise convulsiva reentrante, o paciente pode apresentar contrações musculares intensas e repetidas, perda de consciência prolongada, olhar fixo ou desviado, salivação excessiva e, em alguns casos, liberação involuntária de urina ou fezes. O aspecto mais alarmante é a repetição dos episódios convulsivos em sequência, sem recuperação entre eles. Nestes casos, a demora na assistência médica pode comprometer a oxigenação cerebral e levar a danos neurológicos irreversíveis.

Diagnóstico e conduta médica

A avaliação de uma crise convulsiva reentrante deve ser imediata. Na emergência, o paciente é estabilizado e submetido a exames como o eletroencefalograma (EEG), que registra a atividade elétrica cerebral, e exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética, para investigar causas estruturais.

O tratamento inicial costuma envolver a administração de benzodiazepínicos (como diazepam ou midazolam), seguidos por antiepilépticos de manutenção, como fenitoína ou levetiracetam. Quando as crises persistem, considera-se a internação em unidade de terapia intensiva (UTI) para sedação profunda e suporte avançado de vida.

O que fazer diante de uma crise convulsiva?

Se você presenciar alguém tendo uma crise, siga estas orientações:

  1. Mantenha a calma e posicione a pessoa em um local seguro, longe de objetos que possam machucá-la.

  2. Deite-a de lado para evitar aspiração de saliva ou vômito.

  3. Não tente segurar os movimentos da pessoa ou introduzir objetos na boca.

  4. Cronometre a crise: se durar mais de 5 minutos ou ocorrerem várias em sequência sem recuperação, chame o SAMU (192).

  5. Após a crise, mantenha a pessoa deitada e a acompanhe até recobrar a consciência plena

Essas medidas simples podem salvar vidas enquanto o atendimento médico não chega.

Importância do acompanhamento neurológico

Pacientes com epilepsia ou histórico de crises convulsivas devem realizar acompanhamento regular com neurologistas, para ajuste das medicações e controle da doença. A adesão ao tratamento e o conhecimento sobre os gatilhos individuais são fundamentais para evitar episódios recorrentes, especialmente os mais graves, como o estado de mal epiléptico.

Além disso, a família e os cuidadores precisam ser orientados sobre como agir em situações de emergência, o que aumenta a segurança do paciente e reduz riscos desnecessários.

Referências