Caxumba: Sintomas, Complicações, Tratamento e Prevenção
A caxumba, também conhecida como parotidite infecciosa, é uma doença viral contagiosa que afeta principalmente as glândulas salivares, especialmente as glândulas parótidas, localizadas abaixo e na frente das orelhas. Embora seja considerada uma doença comum da infância, a caxumba também pode afetar adolescentes e adultos, nos quais as complicações podem ser mais graves.
Com a introdução da vacina triple viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola), houve uma significativa redução dos casos da doença. No entanto, surtos ainda podem ocorrer, especialmente em locais com baixa cobertura vacinal. Neste artigo, abordaremos de forma detalhada os principais aspectos da caxumba, desde a transmissão e sintomas até o tratamento, prevenção e complicações.
O Que é a Caxumba?
A caxumba é uma doença causada pelo vírus da caxumba, um membro da família Paramyxoviridae, gênero Rubulavirus. A infecção afeta principalmente as glândulas salivares, provocando inchaço e dor. Em casos mais graves, pode acometer outros órgãos e sistemas, como testículos, ovários, pâncreas e o sistema nervoso central.
Transmissão
A caxumba é altamente contagiosa e se espalha de pessoa para pessoa por:
Gotas de saliva eliminadas ao falar, tossir ou espirrar;
Contato direto com secreções respiratórias de pessoas infectadas;
Objetos contaminados com saliva infectada.
O período de transmissibilidade inicia-se cerca de 2 dias antes do aparecimento dos sintomas e pode se estender por até 9 dias após o inchaço das glândulas.
Principais Sinais e Sintomas
Os sintomas da caxumba surgem entre 12 e 25 dias após o contato com o vírus (período de incubação), e incluem:
Inchaço doloroso das glândulas parótidas, podendo ocorrer em um ou ambos os lados;
Dor ao mastigar ou engolir;
Febre leve a moderada;
Mal-estar geral e fadiga;
Dor de cabeça e dor muscular;
Perda de apetite;
Em alguns casos, pode ocorrer dor abdominal, rigidez na nuca ou inflamação em outras partes do corpo.
Nem todos os infectados apresentam sintomas. Estima-se que cerca de 20% a 30% dos casos sejam assintomáticos.
Diagnóstico
O diagnóstico geralmente é clínico, baseado nos sintomas e no exame físico, especialmente o inchaço característico na região das parótidas. Em casos duvidosos, podem ser solicitados exames laboratoriais, como:
Sorologia para detecção de anticorpos IgM contra o vírus da caxumba;
PCR para confirmação em amostras de secreção bucal;
Hemograma, em caso de complicações.
Complicações Possíveis
Embora a maioria dos casos seja autolimitada e sem gravidade, a caxumba pode causar complicações importantes, especialmente em adultos:
Orquite (inflamação dos testículos), podendo levar à esterilidade;
Ooforite (inflamação dos ovários);
Meningite viral;
Encefalite (inflamação do cérebro);
Pancreatite;
Surdez neurossensorial (rara, mas permanente em alguns casos);
Aborto espontâneo em gestantes infectadas no primeiro trimestre.
Tratamento
Não há tratamento específico para a caxumba. O tratamento é sintomático e visa aliviar os desconfortos causados pela doença. As medidas incluem:
Repouso relativo;
Ingestão adequada de líquidos;
Dieta leve, evitando alimentos ácidos ou duros;
Analgésicos e antipiréticos, como paracetamol ou dipirona;
Compressas frias sobre as glândulas inchadas para aliviar a dor;
Isolamento domiciliar por até 9 dias após o inchaço.
Antibóticos não são eficazes, pois se trata de uma doença viral.
Prevenção
A principal forma de prevenção é a vacinação:
Vacina Tríplice Viral (SCR): protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e é oferecida gratuitamente pelo SUS.
Esquema vacinal:
1ª dose aos 12 meses de idade;
2ª dose aos 15 meses (com tetraviral, que também protege contra varicela).
Pessoas que não receberam as duas doses na infância devem atualizar o esquema vacinal, especialmente profissionais da saúde e da educação.
Outras medidas preventivas incluem:
Evitar contato com pessoas doentes;
Higienizar as mãos com álcool em gel ou água e sabão;
Não compartilhar utensílios pessoais, como copos e talheres.
Casos em Adultos: Por que São Mais Graves?
Adultos que contraem caxumba têm maior risco de complicações, principalmente:
Inflamação nos testículos (orquite), que pode comprometer a fertilidade;
Pancreatite com dor abdominal intensa e risco de internação;
Meningite ou encefalite, ainda que raras, com risco de sequelas.
Por isso, é fundamental que os adultos que não foram vacinados se imunizem, mesmo que já tenham tido contato com a doença.
Caxumba na Gravidez
A infecção por caxumba durante a gestação pode representar riscos para a mãe e o bebê. As principais complicações incluem:
Aborto espontâneo, especialmente no primeiro trimestre;
Possível envolvimento do sistema nervoso fetal (casos raros);
Maior risco de infecções secundárias.
A vacina tríplice viral é contraindicada durante a gravidez, portanto, é fundamental que mulheres em idade fértil estejam com a vacinação em dia antes de engravidar.
A Caxumba é Perigosa?
Apesar de ser considerada uma doença benigna na maioria dos casos, a caxumba pode se tornar perigosa se não houver acompanhamento médico, principalmente em pacientes com complicações ou imunodeprimidos. A realização do diagnóstico precoce, o isolamento e o acompanhamento adequado são essenciais para evitar a disseminação e reduzir os riscos.
Conclusão
A caxumba continua sendo uma doença relevante para a saúde pública, especialmente em regiões onde a vacinação é irregular. Apesar de ser mais comum na infância, os adultos não imunizados também estão em risco. A vacina tríplice viral é segura, eficaz e a melhor forma de prevenção. Profissionais de enfermagem e da saúde em geral têm papel essencial na orientação da população, identificação precoce dos casos e incentivo à vacinação.
Referências:
Ministério da Saúde. Caxumba. https://www.gov.br/saude
Sociedade Brasileira de Infectologia. https://www.infectologia.org.br
Organização Mundial da Saúde (OMS). https://www.who.int
Centers for Disease Control and Prevention (CDC). https://www.cdc.gov
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). https://www.sbp.com.br

