Catapora vs Varicela: Existe Diferença?


A confusão entre os termos "catapora" e "varicela" é bastante comum, especialmente entre pais, cuidadores e até mesmo entre alguns profissionais de saúde. Muitas pessoas acreditam que são doenças diferentes, quando, na verdade, estão falando da mesma condição clínica. A catapora é o nome popular da varicela, uma doença infectocontagiosa causada por um vírus da família Herpesviridae, o varicela-zóster.
No entanto, embora sejam a mesma doença, há muitas dúvidas quanto aos sintomas, complicações, formas de transmissão, prevenção e relação com o herpes zóster. Neste artigo completo, vamos explorar todas essas questões, com base em evidências científicas e fontes oficiais como o Ministério da Saúde, a Fiocruz e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Que é a Varicela (Catapora)?
A varicela, popularmente conhecida como catapora, é uma doença viral comum na infância, altamente contagiosa e geralmente de curso benigno. É causada pelo vírus varicela-zóster (VZV), o mesmo que pode causar o herpes zóster (conhecido como cobreiro) anos mais tarde em pessoas previamente infectadas.
Por Que Existem Dois Nomes?
Varicela: termo médico utilizado oficialmente por instituições de saúde, literatura científica e profissionais da área.
Catapora: nome popular, amplamente utilizado pela população.
Portanto, catapora e varicela são a mesma doença, e não há diferenças clínicas entre elas. O que muda é apenas o uso dos termos.
Transmissão
O vírus é altamente contagioso e se espalha de forma muito rápida, principalmente em ambientes fechados e com grande aglomeração:
Via respiratória: por meio de gotículas liberadas ao tossir, espirrar ou falar.
Contato direto com lesões da pele: o líquido das bolhas é altamente infeccioso.
A transmissão ocorre de 1 a 2 dias antes do surgimento das lesões na pele até que todas estejam em fase de crostas, o que pode levar até 7 dias.
Sintomas da Catapora (Varicela)
Os sintomas geralmente são leves em crianças saudáveis, mas podem ser mais graves em adultos ou imunossuprimidos. Os principais sinais e sintomas incluem:
Febre leve a moderada;
Mal-estar geral, perda de apetite e dor de cabeça;
Manchas vermelhas que rapidamente se transformam em vesículas (bolhas com líquido);
Coceira intensa;
Crostas que se formam após a ruptura das bolhas.
As lesões cutâneas surgem em ondas e costumam afetar todo o corpo, especialmente rosto, tronco e couro cabeludo.
Possíveis Complicações
Embora seja considerada uma doença benigna na maioria dos casos, a varicela pode gerar complicações graves:
Infecção bacteriana secundária das lesões cutâneas;
Pneumonia varicelosa (mais comum em adultos);
Cerebelite (inflamação do cérebro);
Hepatite ou nefrites em casos graves;
Herpes zóster anos mais tarde, quando o vírus é reativado.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e baseado nos sintomas característicos. Exames laboratoriais raramente são necessários, mas podem incluir:
Sorologia para VZV;
PCR para confirmação em casos graves ou atípicos.
Prevenção
A principal forma de prevenção é por meio da vacina:
Vacina contra a varicela: é aplicada em duas doses (aos 15 meses e aos 4 anos de idade) no Calendário Nacional de Imunização.
Vacina tetraviral: protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.
Evitar contato com infectados durante o período de transmissão.
A vacina também pode ser administrada em adultos suscetíveis, principalmente profissionais de saúde, mulheres em idade fértil (com máxima precaução), e pessoas com comorbidades.
Tratamento
Na maioria dos casos, o tratamento é sintomático e domiciliar:
Antitérmicos para controlar a febre (evitar AAS por risco de síndrome de Reye);
Anti-histamínicos para aliviar a coceira;
Banhos de aveia ou camomila;
Cuidados com a higiene da pele para prevenir infecções secundárias;
Hidratação oral adequada.
Em casos graves ou imunossuprimidos, pode ser indicado:
Antiviral (aciclovir), especialmente se iniciado nas primeiras 24-48h dos sintomas;
Internação hospitalar em casos de complicações sérias.
Catapora e Herpes Zóster: Qual a Relação?
Após a infecção primária por varicela (catapora), o vírus pode permanecer latente no organismo, alojado nos gânglios nervosos. Anos mais tarde, pode ser reativado, especialmente em situações de imunidade baixa, levando ao quadro conhecido como herpes zóster.
O zóster é caracterizado por:
Erupção cutânea dolorosa em faixa, geralmente em um lado do corpo;
Dor intensa, formigamento e queimação;
Possível evolução para neuralgia pós-herpética (dor crônica).
A prevenção pode ser feita com a vacina contra herpes zóster, recomendada para adultos acima de 50 anos.
Grupos de Risco
Bebês menores de 1 ano (não vacinados);
Gestantes, com risco para mãe e feto;
Imunocomprometidos, como transplantados, portadores de HIV, pacientes oncológicos;
Adultos não imunizados, pois podem apresentar quadros mais graves.
Complicações em Gestantes
Quando a infecção por varicela ocorre durante a gravidez, especialmente no primeiro trimestre, pode levar a:
Varicela congênita, com múltiplas malformações no feto;
Prematuridade, baixo peso e infecção neonatal grave;
Risco materno aumentado de pneumonia e complicações respiratórias.
Conclusão
Catapora e varicela são nomes diferentes para a mesma doença, causada pelo vírus varicela-zóster. Apesar de geralmente benigna, ela pode levar a complicações graves, especialmente em populações vulneráveis. A prevenção por meio da vacinação é a principal ferramenta para o controle da doença. Profissionais de saúde têm papel fundamental na orientação da população, no incentivo à imunização e no manejo adequado dos casos.
Referências:
Ministério da Saúde. https://www.gov.br/saude
Instituto Nacional de Infectologia. Fiocruz. https://www.fiocruz.br
Centers for Disease Control and Prevention (CDC). https://www.cdc.gov
Sociedade Brasileira de Pediatria. https://www.sbp.com.br
Organização Mundial da Saúde (OMS). https://www.who.int