Caso Clínico: Paciente Oncológico em Cuidados Paliativos

Caso Clínico

Paciente masculino, 68 anos, diagnóstico de câncer de pulmão metastático há 2 anos. Atualmente em tratamento paliativo, sem perspectiva de cura. Encontra-se acamado, relata dor torácica intensa (escala 8/10), inapetência, fadiga e episódios frequentes de dispneia.
Durante a avaliação de enfermagem, apresenta pele pálida, emagrecimento acentuado, mucosas secas e dependência parcial para atividades de autocuidado. Refere sentimentos de tristeza e verbaliza preocupação com a família. Esposa é a principal cuidadora, mas demonstra sinais de sobrecarga emocional.
Sinais vitais: PA 110x70 mmHg, FC 96 bpm, FR 26 irpm, Temp. 36,8°C, SpO₂ 90%.

Diagnósticos de Enfermagem (NANDA-I)
  1. Dor crônica relacionada ao processo neoplásico, evidenciada por relato verbal (8/10).

  2. Padrão respiratório ineficaz relacionado à progressão da doença pulmonar, evidenciado por dispneia e taquipneia.

  3. Nutrição desequilibrada: menor que as necessidades corporais relacionada à inapetência, evidenciada por emagrecimento e mucosas secas.

  4. Enfrentamento ineficaz relacionado à progressão da doença e limitações funcionais, evidenciado por verbalização de tristeza e preocupação com a família.

Plano de Cuidados de Enfermagem (NANDA – NIC – NOC)
1. Diagnóstico: Dor crônica
  • NOC (Resultados esperados): Redução da intensidade da dor relatada, melhora no conforto.

  • NIC (Intervenções):

    • Administrar analgesia prescrita em tempo oportuno.

    • Avaliar a dor regularmente utilizando escalas validadas.

    • Utilizar medidas não farmacológicas (posicionamento, ambiente calmo).

2. Diagnóstico: Padrão respiratório ineficaz
  • NOC: Melhora da oxigenação e alívio da dispneia.

  • NIC:

    • Oferecer oxigenoterapia conforme prescrição.

    • Posicionar paciente em semifowler para facilitar expansão pulmonar.

    • Ensinar técnicas de respiração controlada e pausas para descanso.

3. Diagnóstico: Nutrição desequilibrada: menor que as necessidades corporais
  • NOC: Melhora parcial da ingestão alimentar e manutenção do peso corporal dentro do possível.

  • NIC:

    • Estimular pequenas refeições frequentes e de fácil deglutição.

    • Garantir oferta hídrica adequada.

    • Encaminhar para acompanhamento multiprofissional (nutricionista).

4. Diagnóstico: Enfrentamento ineficaz
  • NOC: Melhora na aceitação da condição e expressão de sentimentos.

  • NIC:

    • Oferecer escuta qualificada e apoio emocional ao paciente e família.

    • Estimular participação em grupos de apoio ou acompanhamento psicológico.

    • Orientar familiares sobre estratégias de enfrentamento e cuidados domiciliares.

Evolução de Enfermagem

Paciente apresenta dor crônica controlada parcialmente após analgesia prescrita. Mantém dispneia moderada, em uso de oxigenoterapia sob máscara simples a 2 L/min, com melhora da saturação para 94%. Realizado posicionamento em semifowler para facilitar respiração. Orientada família sobre estratégias de conforto e importância do suporte nutricional. Fornecido acolhimento e apoio emocional à esposa, identificada em situação de sobrecarga.

Conclusão

O Processo de Enfermagem em pacientes em cuidados paliativos tem como foco principal a promoção do conforto, alívio da dor, suporte emocional e dignidade durante a fase avançada da doença. A aplicação das taxonomias NANDA-I, NIC e NOC possibilita um cuidado direcionado às necessidades físicas, emocionais e sociais do paciente, além de oferecer suporte essencial à família diante das demandas do cuidado.

O Processo de Enfermagem é fundamental para organizar e direcionar o cuidado, garantindo que ele seja individualizado, sistematizado e baseado em evidências científicas. A partir da aplicação das etapas — avaliação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação — o enfermeiro consegue identificar as necessidades do paciente, traçar metas realistas e propor intervenções seguras e eficazes.

No caso clínico apresentado, observamos a importância do raciocínio clínico na identificação precoce das alterações, bem como a atuação ativa da enfermagem no acompanhamento, prevenção de complicações e promoção da recuperação. Dessa forma, reforça-se que o uso do NANDA-I, NOC e NIC é essencial para embasar práticas assistenciais e fortalecer a autonomia do enfermeiro dentro da equipe multiprofissional.